segunda-feira, 16 de março de 2009

O Cinema

O cinema é uma manifestação artística numa plataforma visual dinâmica, logo o cinema é arte, ou pelo menos é o que se diz. O grande problema da arte é que nem sempre a atinge, como se tratasse de um nível qualitativo. Na grande maioria das vezes o objecto artístico não passa de uma tentativa de arte. E no cinema passa-se o mesmo, o que levou o cinema a várias qualificações e géneros. Mas quem determina isto?

Quem determina o que é bom ou mau cinema, o que é arte ou mero entretenimento?

A arte é uma manifestação sensorial e emocional a uma obra física por parte de alguém, mas dependendo de quem é esse alguém, ela pode manifestar-se desde uma forma residual até um êxtase orgasmico. E essa consideração é extremamente volátil visto que está ligada ao nível intelectual, ao estado de espírito ou físico, à interpretação artística ou até ao simples facto de ter ou não tomado o pequeno-almoço, por quem absorve a obra de arte. Isto torna muito difícil determinar o que é bom ou mau cinema. Um professor de Historia e Teoria do Cinema, da Universidade de Uppsala na Suécia, desenvolveu este tema até encontrar várias conclusões, uma das quais é que existem dois tipos de cinema, um de filmes que fazem muito público, e os filmes que agradam sobretudo a conhecedores e interessados no fenómeno do cinema enquanto arte, isto é o que nós vulgarmente chamamos “Cinema Comercial” e “Cinema de Autor” ou “Independente”.

A questão é, pode o “Cinema Comercial” ser bom cinema ou o “Cinema de Autor” uma mera tentativa não conseguida de arte? E se sim então porquê, a teimosa distinção nestes dois géneros base, dividindo-se depois numa interminável variação de géneros, desde: Drama, Ficção-Cientifica, Animação, Terror, Acção, etc.

É realmente necessária a divisão do cinema em duas classes, o Bom e o Mau cinema.

Mas talvez a atenção deva ser virada mais para aquilo que se pretende de um filme por parte do espectador. O filme é feito para ele, independentemente de quem ele seja, o cinema é para todos, para aqueles que conseguem interpretar uma complexa equação, como para aqueles que apenas procuram satisfação sensorial ou distracção ou divertimento.

E a magia do cinema está ai mesmo, em satisfazer pequenos prazeres ao mais comum dos mortais como em provocar manifestações filosóficas e correntes artísticas nos mais dotados dos pensadores. É claro que nem assim haverá consenso. E que a discussão continuará em aberto, até porque novas definições irão surgir no cinema e novas experiências cinematográficas colocarão a nossa noção do que é o cinema alem dos actuais limites.

E isso é o que todos nós queremos.

Despeço-me com os melhores cumprimentos. Volto a dar noticias quando regressar de férias. Por enquanto deixo-vos algumas saudáveis recomendações.

Em DVD:
"Bem-Vindo ao Norte" – Dany Boon
"Californication" (serie 1) – Vários
"O Tal Canal" – Nuno Teixeira

No Cinema:
"The Burning Plain" – Guilhermo Arriaga
"Milk" – Gus Van Sant
"Doubt" – John Patrick Shanley
"Che" – Steven Soderbergh
"The Wrestler" – Darren Aronofsky

No Futuro:
"Maradona" – Emir Kusturica (Um deles é um Génio)

Não Vejam/Não Paga a Pena/Tempo Perdido:
"A Pantera cor-de-rosa 2" – Harald Zwart
"Bride Wars" – Gary Winick
"Veneno Cura" – Raquel Freire (Por favor jovens cinéfilos salvem o que resta do cinema português)


Hernani D’Almeida

1 comentário:

Hernani D'Almeida disse...

Os comentários a este texto estão postados no Post anterior denominado: Diz Hernani D'Almeida.