quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Cineclips

Ultimamente por estes lados a escrita tem estado (mal) parada, por outro lado, os "cineclips" que tenho criado recentemente têm vindo a alimentar a minha vontade e criatividade. Como já lá vão cinco, achei pertinente partilha-los aqui, não hesitem em comentar, gostava e era importante saber das vossas opiniões.


Cineclip #1 - Burial (Untrue '2007') - "Archangel" / Ingmar Bergman (1966) "Persona"



Cineclip #2 - Dead Combo (Quando a Alma Não é Pequena vol.II '2006') - "Rodada" / Sergio Leone (1968) "C'era Una Volta il West"



Cineclip #3 - Radiohead (In Rainbows '2007') - "Reckoner" / Tom Tykwer (2006) "Faubourg Saint-Denis" a short on "Paris je t'aime"



Cineclip #4 - Dj Shadow (Endtroducing '1996') - "Transmission 2(Stem/Long Stem)" / Robert Hessens & Alain Resnais (1950) "Guernica"



Cineclip #5 - Flying Lotus (Cosmogramma '2010') - "Computer Face/Pure Being" / Terry Gilliam (1985) "Brazil"

domingo, 27 de junho de 2010

Nothing Personal


"Nothing Personal" (2009) é um filme realizado por Urszula Antoniak, retrata a vida de qualquer um. "Eu" (tal como nos créditos do filme) foge do seu país de origem e parte talvez à descoberta da calma interior. No meio desta viagem conhece Martin, um homem solitário no meio de uma bela Irlanda. O filme é uma fuga e ao mesmo tempo uma descoberta daquilo a que os Humanos chamam Amor, todo o filme passe pelas fases do sentimento mais profundo e difícil de definir. As duas personagens passam por todos esses momentos sem nunca terem grandes diálogos acerca de sentimentos, mas sim a partir das acções, o espectador poderá sentir o que as personagens estão a viver.
Martin apenas quer acabar a sua viagem na sua paz, Eu por sua vez quer encontrar a paz interior que Martin conseguiu atingir...no fim sentimentos que essa viagem pode nunca acabar...essa paz interior talvez seja aquilo que tentamos alcançar e que só a conseguimos atingir com a própria "morte".

Um filme sem muitas palavras, mas que as imagens e o som falam por si, uma das cenas finais é o resumo e talvez a tentativa de explicação da viagem e do que é o amor, uma viagem a experimentar.




"Nothing Personal" - Urszula Antoniak (2009)

segunda-feira, 15 de março de 2010

Manifesto pelo Cinema Português

Para:Ministra da Cultura

MANIFESTO PELO CINEMA PORTUGUÊS

Nunca como nos últimos vinte anos teve o cinema português uma tão grande circulação internacional e uma tão grande vitalidade criativa. E nunca como hoje ele esteve tão ameaçado.
No mesmo ano em que um filme português ganhou em Cannes a Palma de Ouro da curta-metragem e tantos e tantos filmes portugueses foram vistos e premiados um pouco por todo o mundo, o cinema português continua a viver sob a ameaça de paralisação e asfixia financeira.
Desde há dez anos que os fundos investidos no cinema não cessaram de diminuir: a produção e a divulgação do cinema português vivem tempos cada vez mais difíceis.
E a criação de um Fundo de Investimento (e a promessa de um grande aumento de financiamentos), revelou-se uma enorme encenação que na generalidade só serviu para legitimar o oportunismo de uns tantos.
O cinema português vive hoje uma situação de catástrofe iminente e necessita de uma intervenção de emergência por parte dos poderes públicos e em particular da senhora Ministra da Cultura.
O cinema português - o seu Instituto - ao contrário do que é repetido vezes sem conta, é financiado por uma taxa (3,2%) sobre a publicidade na televisão, e não pelo Orçamento de Estado.
O financiamento do cinema português desceu na última década mais de 30% e a produção de filmes, documentários e curtas-metragens, não tem parado de diminuir.
O Fundo de Investimento no cinema, que era suposto trazer à produção 80 milhões de euros em cinco anos, está paralisado e manietado pelos canais de televisão e a Zon Lusomundo, e não só não investiu quase nada, como muito do pouco que investiu foi-o em coisas sem sentido.

Por isso se torna imperioso e urgente
a) normalizar o funcionamento desse Fundo e multiplicar as verbas disponíveis para investimento na produção de cinema, nomeadamente multiplicando as receitas do Instituto de Cinema, e tornando as suas regras de funcionamento transparentes e indiscutíveis;
b) normalizar a relação da RTP (serviço público de televisão) com o cinema português, fazendo-a respeitar a Lei e o Contrato de Serviço Público, assinado com o Estado Português;
c) aumentar de forma significativa o número de filmes, de primeiras-obras, de documentários, de curtas-metragens, produzidos em Portugal;
d) e actuar de forma decidida em todos os sectores – não apenas na produção, mas também na distribuição, na exibição, nas televisões (e em particular no serviço público), e na difusão internacional do cinema português.

Depois de mais de seis anos de inoperância e desleixo dos sucessivos Ministros da Cultura, que conduziram o cinema português à beira da catástrofe, impõe-se:
1. Normalizar o funcionamento do FICA (Fundo de Investimento para o Cinema e Audiovisual) reconduzindo-o à sua natureza original: um fundo de iniciativa pública, tendo como objectivo o aumento dos montantes de financiamento do cinema e da ficção audiovisual original em língua portuguesa e o fortalecimento do tecido produtivo e das pequenas empresas de produção de cinema. E fazer entrar nos seus participantes e contribuintes os novos canais e plataformas de televisão por cabo (meo, Clix, Cabovisão, etc), que inexplicavelmente têm sido deixados fora da lei;
2. Multiplicar as fontes de financiamento do cinema português, nomeadamente junto da actividade cinematográfica, recorrendo às receitas da edição DVD (a taxa cobrada pela IGAC, cuja utilização é desconhecida, e que na última década significou dezenas de milhões de euros); à taxa de distribuição de filmes (que há décadas não é actualizada) e à taxa de exibição. As receitas das taxas que o Estado cobra ao funcionamento da actividade cinematográfica devem ser integralmente reinvestidas na produção e na divulgação do cinema português (produção, distribuição, edição DVD, circulação internacional);
3. Aumentar as fontes de financiamento do Instituto de Cinema, para aumentar o número, a diversidade, a quantidade e a qualidade, dos filmes produzidos. Filmes, primeiras-obras, documentários, curtas-metragens, etc.
4. Apoiar os distribuidores e exibidores independentes, e estimular o aparecimento de novas empresas nesta actividade, de forma a que o cinema português, o cinema europeu e o cinema independente em geral, possam chegar junto do seu público. E apoiar os cineclubes, as associações culturais e autárquicas, os festivais e mostras de cinema, que um pouco por todo o país fazem já esse trabalho;
5. Fazer cumprir o Contrato de Serviço Público de Televisão por parte da RTP, que o assinou com o Estado Português, e que está muito longe de o respeitar e às suas obrigações, na produção e na exibição de cinema português, europeu e independente em geral. E contratualizar com os canais privados e as plataformas de distribuição de televisão por cabo, as suas obrigações para com a difusão de cinema português.

O cinema português, que vale a pena, tem hoje em dia, apesar da paralisia, quando não da hostilidade, dos poderes públicos, um indiscutível prestígio internacional. Os seus realizadores, actores, técnicos, produtores, não deixaram de trabalhar apesar de tudo o que se tem vindo a passar. Está na altura de os poderes públicos assumirem as suas responsabilidades.
É necessária uma nova Lei do Cinema, mas é urgente uma intervenção de emergência no cinema português.

os realizadores
Manoel de Oliveira
Fernando Lopes
Paulo Rocha
Alberto Seixas Santos
Jorge Silva Melo
João Botelho
Pedro Costa
João Canijo
Teresa Villaverde
Margarida Cardoso
Bruno de Almeida
Catarina Alves Costa
João Salaviza

e os produtores
Maria João Mayer (Filmes do Tejo)
Abel Ribeiro Chaves (OPTEC)
Alexandre Oliveira (Ar de Filmes)
Joana Ferreira (C.R.I.M.)
João Figueiras (Black Maria)
João Matos (Terratreme)
João Trabulo (Periferia Filmes)
Pedro Borges (Midas Filmes)

quinta-feira, 11 de março de 2010

vivem-se tempos difíceis...

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"Roma, città aperta" (1945), Roberto Rossellini

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

A Leveza Profética



"Un Prophète"
é um filme de gangsters, prisões e domínio do sub-mundo, porém a diferença é que tem uma visão totalmente diferente da visão comercial tipicamente Americana. Não quero defender um ponto de vista nem outro, porém no final deste filme fiquei com a sensação que se tivesse visto uma versão americana tinha-o o "rotulado" como mais um filme sobre Crime.
A visão de Jacques Audiard transforma um filme numa leveza e ao mesmo tempo a brutalidade de uma França problemática onde as diferenças étnicas são visíveis, onde a realidade dentro e fora das paredes de uma prisão são bem visíveis, uma prisão física e psicológica tão bem conseguida pela personagem principal Malik El Diebena (Tahar Rahim)
.
As "profecias" deixam o espectador respirar e admirar o filme, transportando o espectador para situações quase paralelas ao que está a acontecer.
Tecnicamente o som em todo o filme muito bem conseguido, situações que pediam mudança em algum aspecto e são completadas a nível sonoro de uma forma subtil como é pedido.
Um filme que respira e deixa respirar, em que tudo acontece a um ritmo natural e realista.




"Un Prophète" um filme de Jacques Audiard (2009)


terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

"Vai e Vem"

Vai e Vem”, foi o último ensaio cinematográfico de João César Monteiro e saiu para as salas de cinema a 3 de Junho de 2003, quatro meses depois do seu desaparecimento. Monteiro, como que soubesse do seu inevitável e trágico futuro próximo, aplicou à sua derradeira obra um desfecho conscientemente conclusivo. Desta feita, Monteiro deu vida a João Vuvu, o alter-ego do seu criador, o anti-herói intelectual, o maldito e meio vagabundo, o antagonista de um(a) protagonista que é Lisboa, que é Portugal, que é o Português em todo o seu carácter. Ligeiramente distinto do João de Deus das três icónicas obras de Monteiro que completam a trilogia, este João Vuvu, - que é viúvo e tem um filho assassino - assume desapiedadamente o seu estado de velhice, resguarda-se na sua antiga e ampla habitação, e é rara a sua comunicação com o mundo exterior, com a sociedade que tanto critica, neste, e em tantos outros seus filmes. Mais uma vez o burlesco, a blasfémia, a provocação, e o desafio ao espectador, constroem a sátira “Monteiriana”. A sexualidade, essa, nunca foi tabu.

O legado de César Monteiro é concluído e eternizado no seu vigésimo segundo trabalho como realizador, de entre mais de dez longas-metragens, tele-filmes e mais algumas curtas-metragens produzidas ao longo da sua carreira. Cannes aproveita a ocasião numa sessão única de “Vai e Vem” na selecção oficial da 56ª edição do festival para homenagear o autor. Entre outras obras premiadas, “Vai e Vem” é reconhecido por um público que lhe presta culto, um público seguramente mais Europeu, tal como o seu cinema foi, é, e será; fruto da sua exclusiva, complexa e extravagante literacia, João César Monteiro distingue-se e ficará para a história como um dos realizadores mais singulares da Sétima Arte.

No último plano do filme, o olho de João César Monteiro em pormenor. Nesses fotogramas reside toda a sua obra, numa só visão, a sua, aquela que lhe permitiu conceber a sua obra total como cineasta.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Viridiana

Deliciosamente fascinado com o meu primeiro Buñuel. O resto promete, e de que maneira...

sábado, 2 de janeiro de 2010



Antes de começar: Bom 2010 e que vejam muito cinema!



Para começar o ano trago um filme de Jean-Pierre Melville a sua última obra no mundo do cinema "Un Flic" de 1972 não vou falar muito da história do filme, não há muito que se lhe diga: Um assalto aparentemente perfeito, um polícia (Alain Delon), uma mulher (Catherine Deneuve), uma amizade...não posso desvendar muito...
Um filme que nos deixa "presos" não apenas pela sua história mas pela sua realização, um filme cuidadoso, onde a câmara move-se nos momentos certos, os grandes planos à la Melville criando inquietação os silêncios que o filme vive e as acções longas e demoradas que se fosse hoje em dia provavelmente não fugiam da "faca", acções essa que nos deixam a pensar na próxima acção das personagens e de desenrolar de todo o filme, um filme inteligente e que recomendo.
Se não conhecem Melville não digo que é uma boa iniciação, talvez um "Bob le Flambeur" seja melhor.
Alain Delon não faz um papel de outro mundo, mas a presença dele muitas vez diz tudo, sem dúvida um actor muito bem utilizado na época de ouro do Cinema Europeu.



Commissaire Edouard Coleman (Alain Delon) em Un Flic (1972) - Jean-Pierre Melville