segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Anos 80



Kurt Russell é Snake Plissken um anti-herói americano.
Estamos em 1997, desde 1988 que a criminalidade aumentou brutalmente nos Estados Unidos, a solução: as prisões são as próprias cidades, Nova York encontra-se infestada de criminosos até que recebem um "presente" a queda do air force one com o presidente dos Estados Unidos, cabe a Snake (novo recluso) de salvar a situação. John Carpenter traz "Escape From New York" um filme de acção tipicamente americano dos anos 80 uma mistura de ficção cientifica com a realidade, não é de perto nem de longe o melhor filme de Carpenter, mas de certeza que os fãs deste não vão querer perder, nota para a banda sonora tão típica dos anos 80 com os sintetizadores a lembrar a tão grandiosa banda sonora do Blade Runner.
Um filme recomendado para quem gosta de Carpenter e claro está de Kurt Russell nos seus velhos tempos antecedendo um "The Thing" deste mesmo realizador.

Kurt Russell em "Escape From New York" - John Carpenter (1981)

9


Shane Acker traz-nos 9, uma longa-metragem de animação, trabalho continuado de 2005 da sua curta-metragem com o mesmo nome.
A história passa-se num clima pós apocalíptico, onde os Humanos foram mortos pelas suas próprias criações, aquilo que previa ser criado para o bem foi criado com intuito bélico virando-se contra os próprios criadores e arrasando com a raça humana.
Numa forma de redimir-se o seu criador tenta salvar a honra humana e constrói uma série de bonecos de trapos e transmite fragmentos da sua alma para estes acabarem com a destruição criada pelos Humanos.
Vale a pena dar uma olhadela. A mensagem final do filme é aquela já vista em muitos outros, mas vale sempre a pena ver outro ponto de vista.

"Eles não nos deixaram nada...nada. Porque temos nós de corrigir os seus erros?"

O último suspiro de Kubrick


Alice Harford: I do love you and you know there is something very important we need to do as soon as possible.
Bill Harford: What's that?
Alice Harford: Fuck.

domingo, 27 de dezembro de 2009

(In)Diferença



Um dia já todos olhamos com algum desprezo para certas situações para certas diferenças, principalmente quando não existe conhecimento sobre o que se trata, foi assim com o Vírus da Sida, é assim mais recentemente com a Gripe A, já depararam com certeza que basta espirrarem para termos olhares constrangedores e uns quantos metros de distância... bem é sobre isso que Neill Blompkamp (um realizador no mundo do cinema com pouco historial) retrata em District 9, com a chancela de Peter Jackson.
District 9 trata do nosso planeta Terra a ser visitado por Alienígenas que por alguma razao vieram parar ao nosso planeta, porém nada de mal trazem nem segundas intenções têm. Porém nós Humanos como bons samaritanos fazemos as boas vindas, arranjamos locais para os desconhecidos viverem criando "guetos",como se fazem aos próprios humanos com estatuto social considerado baixo pelas altas entidades que ditam o que é socialmente aceite.
Contudo como bons Humanos não ficamos por aqui, queremos saber quem são este povo e esta "raça" então fazem-se experiências para ver o que realmente são, porém estas experiências têm outro sentido...saber como funcionam as armas destes alienígenas e como funcionar com elas, Sharlto Copley é um funcionário desta mesma organização que salvaguarda a vida dos "visitantes" assim como o de desenvolvimento de material bélico.
Porém quando Wikus Van De Merwe (Sharlto Copley) é contagiado por um líquido dos alienígenas começa a sofrer uma mutação que vai transformar num "camarão", com esta descoberta a organização quer vender o corpo de Wikus às sociedades para estas poderem usar as armas bélicas trazidas pelos Alienígenas.

Todo o filme é esta fuga de Wikus e toda a vida no Distrito 9, onde os Humanos já controlam a comida no mercado negro. Toda a história é uma autêntica metáfora à vida Humana, todos os problemas de uma sociedade estão aqui demonstrados numa forma muito peculiar, o filme salta de Documentário Ficcional para Ficção sem mesmo o espectador dar conta disso.



Sem dúvida um filme de Ficção Cientifica muito bem conseguido e trabalhado, onde se levantam os mais altos valores da sociedade Humana, tal como muitos o fazem e fizeram, mais uma bela forma de demonstrar se realmente somos assim tão superiores como nos pintam.



District 9 - Neill Blomkamp (2009)

sábado, 26 de dezembro de 2009

Regresso

Muito Bom Natal a toda a gente que nos visita e claro está ao pessoal do blog!
Vou voltar ao activo tive uns bons meses retirado mas estou de volta,

Abraço

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

O Culto

Haverá fenómeno mais curioso que o culto dentro do contexto artístico?
Ou até mesmo em todas as outras faces da vivencia humana?
O culto é fascinante no conceito e mais ainda no processo que o desenvolve.
E o que é isto?
Se pensarmos bem, o processo é simples. A ideia surge, o criador estuda-a, desenvolve-a e concretiza-a.
A ideia chega em forma de obra ao público, e por razões que só a ciência evolutiva pode explicar, um número indeterminado de receptores, identifica-se, emocionalmente e intelectualmente, com a obra.
O culto é o passo seguinte. Quando o espectador deixa de ser um mero receptor e passa a relacionar-se intimamente com a obra. A obra passa a fazer parte do imaginário e quotidiano do espectador.
É um desenvolvimento totalmente involuntário. Começamos a ver uma Série, porque o tema parece interessante e passados três episódios, o culto é activado, acordamos com vontade de ver o episódio seguinte, passamos o dia a segredar aos colegas de trabalho sobre o quão fascinante é o enredo, e ao fim do dia corremos para casa na ansiedade de assistir ao próximo, dramatizo. É incrível como um espectador comum se consegue aproximar de uma determinada obra a ponto de se sentir intimo dela. De sentir que faz parte do processo criativo, do qual essa obra resulta. Isto é um fenómeno largamente conhecido também no cinema, com obras que se tornaram de culto tendo em conta a tamanha proximidade que estas conseguiram junto de um determinado público.

Assisti ininterruptamente durante sete anos á obra de culto “Os Sopranos” e durante esse tempo, conduzi como o Christy, comi como o Tony, e falei como o Sil e imitei o Paulie em momentos bem dispostos com amigos, utilizei expressões italianas para acarretar conversas. Achei-me muitas vezes racista e xenófobo, a família passou a ser a minha primeira preocupação e a lealdade o valor de maior importância. Quase me envolvi em negócios ilegais. E inconscientemente senti-me tão próximo daquelas personagens que as julguei parte da minha realidade. E tudo isto devido á capacidade criativa e ao desempenho notável de um conjunto de artistas que de forma involuntária condicionaram a minha vida e a de outros tantos membros da audiência.
Incrível esta coisa do culto não é?

Despeço-me com os melhores cumprimentos. Volto a dar noticias quando regressar de férias. Por enquanto deixo-vos algumas saudáveis recomendações.

Em DVD

Ponyo à Beira-Mar – Hayao Miyazaki
Inglourious Basterds – Quentin Tarantino
Los abrazos rotos – Pedro Almodóvar

No Cinema

The Young Victoria – Jean-Marc Vallée
Nine – Rob Marshall
Invictus – Clint Eastwood

No Futuro

Fela – Steve McQueen
Shutter Island – Martin Scorsese
The Adventures of Tintin: The Secret of the Unicorn – Steven Spielberg (hoje de parabéns)


Hernani D'Almeida

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O Anticristo Lars von Trier


Encontro-me neste momento ainda a viver a ressaca, a digerir "Antichrist". Sem dúvida um dos filmes mais impressionantes, marcantes e chocantes que vi na vida. O filme é dedicado a Andrei Tarkovsky, aquele que parece ser o maior ou único ídolo, do "melhor realizador do mundo" tal qual Lars von Trier se auto-intitula. Talvez por isso os Russos o tenham percebido melhor. Segundo um jornalista Russo presente na conferência de imprensa pós-estreia do filme em Cannes, afirmou que o filme teve uma boa recepção na Rússia e que as pessoas o entenderam.
Quanto a mim, devo dizer que apesar de a história não me ter sido clara, experenciei uma das mais extremas sensações que o Cinema me proporcionou até hoje, Von Trier puxou ao limite...
A condução da câmara e respectiva cinematografia são soberbas, o genérico em modo slow-motion (sublime) é trágicamente épico e talvez ainda demasiado hard-core, para grande maioria do público.
De referenciar a boa interpretação de Willem Dafoe e a grandiosa interpretação de Charlotte Gainsbourg, sob uma curiosa direcção de Lars von Trier, como explicou Dafoe na conferência de imprensa.
Do pouco que revelou quanto ás motivações que o levaram a fazer este filme, Von Trier revelou ter atrevessado um estado de depressão, que o terá influenciado significativamente, e afirma ter feito este filme não para as pessoas, mas para si. Talvez isso explique um filme mais fechado, mais para dentro, mais para satisfação própria; e tudo começa a fazer sentido quando diz algo como: é melhor dedicares o filme ao autor em questão em vez de o copiares.